Jogo de cena ou estratégia? O governo Lula e a carona no vídeo viral de Felca

A viralização do vídeo do influenciador Felca e a decisão do presidente Lula de enviar ao Congresso o projeto de regulamentação das big techs parece ter sido um movimento estratégico bem calculado. Não dá para ignorar a coincidência entre o vídeo, que gerou um enorme debate sobre os impactos das plataformas digitais, e a proposta do governo, que chega justamente no momento em que o tema está em alta. A pergunta que fica é: isso foi mesmo um acaso ou o governo aproveitou a onda viral para acelerar uma agenda que já estava em andamento?

O vídeo de Felca, com a discussão sobre os danos causados pela “adultização” e os conteúdos nocivos espalhados pelas grandes plataformas, gerou uma enorme repercussão. E, como um reflexo disso, Lula apresentou a proposta de regulamentação das big techs, uma tentativa de frear esses danos. Parece que o governo estava antenado na demanda popular e respondeu de forma rápida. Essa sincronização entre o debate viral e a ação política é inteligente, sem dúvida, mas também é arriscada.

Quando se age no momento certo, a comunicação se torna uma ferramenta poderosa. O governo pode se mostrar atento ao que está acontecendo nas redes e engajado com o que a população está discutindo. O problema é que essa jogada pode ser vista como uma manobra política, principalmente em tempos de polarização. As pessoas podem começar a pensar que o governo está apenas se aproveitando de um fenômeno momentâneo para se dar bem. A chave aqui é saber equilibrar a ação política com a percepção pública.

E isso não passa despercebido pela oposição. A direita, que já se posiciona contra a regulamentação das big techs, não hesitou em acusar o governo de “pegar carona” no sucesso do vídeo de Felca para avançar com seu projeto. Para quem é contra a proposta, o momento não parece genuíno, mas uma tentativa de tirar proveito de uma situação popular para empurrar uma agenda política polêmica. Isso cria um clima de desconfiança. E, no fim, a questão que fica é: o governo está realmente respondendo a uma necessidade social ou só se aproveitou de um bom timing para dar um empurrão na sua agenda? É um movimento arriscado, porque, mesmo que pareça acertado, também pode ser visto como oportunismo.

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