Se o presidente Lula for efetivamente candidato e perder sua reeleição, veremos um segundo unicórnio eleitoral desde a redemocratização: a derrota de um incumbente em sua campanha para permanecer no poder. Tão excepcional quanto a derrota de Bolsonaro, haveria uma quebra sequencial do pressuposto de que a reeleição é um sistema que desequilibra as forças na guerra política.
É exatamente por isso que a recente safra de resultados frustrantes para o governo sobre a popularidade e a aprovação do presidente deve ser vista com cautela. O incumbente, seja quem for, pelo simples fato de ser incumbente é uma força da natureza. Bolsonaro, com tudo e todos contra – mídia, judiciário, artistas e depois de todo o sofrimento acumulado que o país passou durante a pandemia – ainda assim perdeu a eleição por menos de 2% dois votos.
E a campanha nem começou?
E ainda assim, porque tinha um símbolo capaz de arregimentar as mais diferentes forças, Lula. A preços de hoje, em seu pior momento, o presidente ainda preserva 40% de aprovação. Numa campanha real, qual seria uma “surra”? 54 a 46? Será que alguém hoje garante que Lula seria surrado? E 52 a 48? Começamos a caminhar para um resultado de empate técnico. E a campanha nem começou. E não coloco nem Lula nem seu opositor em qualquer dos prognósticos anteriores: são intercambiáveis e demonstram apenas o quanto ainda há muita água para rolar.
O desafio principal do incumbente, neste ano de 2025, é fazer seu pacote reeleitoral e aprová-lo num Congresso em que não tem maioria. O pacote de bondades que poderá exibir para os eleitores na campanha. Será que o incumbente consegue? A caneta é o cetro do incumbente. Só que não é apenas simbólico. Pode funcionar e muito. Por isso, a reeleição é sempre jogar com as brancas para quem está na cadeira e pode perder? Sim, porém tem um movimento de vantagem. Agora, se tivermos o segundo unicórnio, a polarização realmente terá transformado a reeleição num zigue-zague.