O que esperar das eleições de 2026?

Sem Decoro ouviu especialistas da área de marketing político em um exercício de futurologia para as próximas eleições 

Correria, overdose de trabalho, polarização cada vez mais extremada, novos outsiders e velhos figurões. Quem trabalha com marketing político conhece bem: ano eleitoral é uma montanha-russa — do êxtase à estafa em segundos. E o Sem Decoro já está de olho no famoso “ano par” da profissão, com aquela pergunta que não sai da cabeça: será que a política de rua vai voltar com força ou vamos continuar reféns do algoritmo? As estratégias de 2022 e 2024 ainda funcionarão?

Campanhas longas: risco ou vantagem?

A antecipação eleitoral em São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco pode ser um tiro no pé. Campanha longa desgasta até marqueteiro, imagina candidato. E o Senado promete ser o palco mais acirrado em 2026, com disputas ideológicas intensas.

Esquerda x algoritmos: um relacionamento complicado

Paulo Loiola, estrategista político e sócio-fundador da BaseLab, alerta: a resistência da esquerda à tecnologia atrasa o próprio campo progressista.

“Essa mudança não vai acontecer e o campo progressista tem uma dificuldade enorme de se adaptar”, afirma Loiola.

O desafio é claro: se a direita domina as redes sociais, a esquerda precisa mudar o jogo para não ficar para trás.

Direita conservadora mantém a dianteira digital

Para o estrategista Reinaldo Barreiros, a direita acertou a linguagem digital e segue liderando na comunicação online:

“Nem só de internet viverá o eleitor… campanhas híbridas de sorriso, suor e sola de sapato com entrega digital serão mais bem-sucedidas em 2026.”

O recado: presença digital é essencial, mas o voto final ainda se decide no contato humano.

Ruas como diferencial nas eleições legislativas

Juarez Guedes aposta no retorno da política de rua, especialmente para cargos como deputado estadual e federal. Com excesso de informação, anúncios e fake news nas redes, o desafio é se destacar em meio ao ruído.

Inteligência Artificial: aliada ou risco nas campanhas?

Se antes era ficção científica, hoje a IA é ferramenta diária para campanhas políticas. Ela amplia a produção de conteúdo, mas também o potencial de desinformação. Loiola cita o exemplo da Argentina, onde um vídeo criado por IA sobre a Guerra das Malvinas foi usado contra Milei.

Conteúdo segmentado é regra, não diferencial

Reinaldo Barreiros ressalta que conteúdo bom já não é diferencial — é obrigação. O futuro é segmentação e profundidade, com mensagens mais nichadas, assertivas e no timing certo.

Big Techs e o TSE: um embate travado

Com o TSE ainda engatinhando na regulação e as big techs resistindo a limites, o ambiente digital deve ficar ainda mais caótico. Isso aumenta a dificuldade de atrair atenção e manter credibilidade.

“Instituições em crise, ecossistema complexo, milhões de produtores de conteúdo e IA dando escala aos conteúdos… tudo isso vai tornar as campanhas mais competitivas”, conclui Loiola.

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